A resposta é muito direta… Os descongestionantes nasais podem gerar dependência porque eles trazem um alívio muito rápido para a sensação de nariz congestionado.

Num mundo corrido, numa sociedade tão corrida, isso parece ser uma ótima resposta aos problemas de nariz. Infelizmente não é.

Como isso acontece?

Para vocês entenderem por que a dependência se instala, vamos imaginar uma pessoa – uma mistura de vários pacientes que eu atendo no meu consultório – vou dar o nome de Paulo. O Paulo tem 30 anos, uma rinite alérgica leve, controlada sem necessidade de medicamentos, e um dia pegou um resfriado. Passou a apresentar bastante dificuldade para respirar pelo nariz, especialmente à noite na hora de dormir. Dormiu muito mal na primeira noite, só respirando pela boca e acordou bem cansado no dia seguinte.

Paulo passou o dia abatido e cansado, sentindo-se ansioso com o nariz entupido e por isso resolveu ir à farmácia procurar alguma medicação que resolvesse logo o problema dele e para que conseguisse dormir aquela noite, já que no dia seguinte teria uma importante reunião online.

Com isso ele acabou comprando uma gotinha para pingar no nariz, à base de nafazolina. Pingou no carro mesmo, no estacionamento da farmácia, duas gotinhas em cada narina e em 5 minutos estava respirando, e assim, ficou bem animado. Foi dormir, e acordou as duas horas da manhã com o nariz entupido, precisou pingar de novo a gotinha e a mesma situação se repetiu as 5 horas da manhã. No dia seguinte, Paulo precisou pingar o remédio mais 3 vezes. E assim foram se passando os dias, pingando em média 4-5 x por dia o remédio no nariz. Percebeu que o resfriado já tinha passado, já tinha ido embora,  mas ele ainda continuava usando a gotinha no nariz. Não conseguia mais ficar sem ela. Quanto mais usava, mais precisa usar. Instalou-se um quadro de efeito rebote e dependência física e psicológica.

O que são os descongestionantes?

Estas gotinhas à base de oximetazolina, xilometazolina e nafazolina são substâncias vasoconstrictoras, que contraem os vasos sanguíneos da mucosa dentro do nariz, abrindo mais espaço para o fluxo de ar. Apresentam um início de ação muito rápido, o que pode parecer bastante tentador para a pessoa que está com dificuldade para respirar pelo nariz.  Estudos cínicos demonstram que uma pessoa pode desenvolver dependência em poucos dias, 7 dias já podem ser suficientes para gerar algum grau de efeito rebote. Depois que termina o efeito do medicamento os vasos sanguíneos dentro do nariz dilatam novamente e o nariz congestiona. É um ciclo que nunca termina.

Pode existir uma dependência psicológica dos descongestionantes?

Sim, esta dependência também pode apresentar características psicológicas, com pessoas que não conseguem mais imaginar sair de casa sem o remédio. Algumas pessoas relatam no consultório possuírem descongestionantes em vários cômodos da casa, e na própria bolsa, tamanha a sua dependência e o medo de ficar sem o remédio.

Me conta… Você se identificou com esta história? Ou conhece alguém que seja dependente dos descongestionantes nasais e não sabe por quê?

Sugiro a leitura desta matéria onde explico por que é tão difícil de parar de usar os descongestionantes: Por que é tão dificil parar de usar o descongestionante nasal?