A rinite alérgica é considerada uma doença CRÔNICA, e como toda doença crônica precisamos considerar um tratamento que o paciente consiga realizar por longos períodos se necessário. Existem vários mitos e dúvidas envolvendo seu tratamento, por isso resolvi escrever esta matéria para facilitar este entendimento.Rinite alérgica e conjuntivite alérgica

Costumo explicar de maneira didática aos meus pacientes o tratamento da Rinite Alérgica, conseguindo então quebrar vários destes mitos. Divido este tratamento em 4 pilares:

4 Pilares no Tratamento da Rinite Alérgica

  1. Cuidados ambientais
  2. Tratamento medicamentoso – com remédios
  3. Imunoterapia – vacinas
  4. Cirurgia

CUIDADOS AMBIENTAIS

Este pilar está baseado em ações que o paciente e a família adotam em casa visando a redução na exposição ao aeroalérgeno, ou seja, ao que causa alergia ao paciente como por exemplo: ácaros (o aeroalérgeno mais comum no Brasil), pólen, gramíneas, pelos de animais, baratas e fungos.

Algumas orientações de cuidados ambientais: RINITE ALÉRGICA

  • Lave a roupa de cama com água quente acima de 55 graus C.
  • Lembre-se de trocar seu travesseiro 1x por ano
  • Evite tapetes no quarto
  • Não use vassouras no quarto. encape com pano úmido ou aspirador de pó, esperar 30 minutos para entrar no quarto.
  • Lembre-se de limpar o estrado da cama 1x por mês.

TRATAMENTO FARMACOLÓGICO (REMÉDIOS) – RINITE ALÉRGICA

Soro fisiológico: Apesar de não ser considerado remédio, entra neste item para facilitar o entendimento e por constar como medida universal no auxílio do tratamento das mais diversas doenças de nariz. O soro fisiológico auxilia na remoção de muco estagnado, crostas, germes, além de manter a hidratação nasal.

Corticoides intranasais: são medicamentos em forma de spray, sendo considerados a pedra angular no tratamento da rinite alérgica. Um dos mitos no tratamento envolve o seu uso. Os pacientes se preocupam muito com seus possíveis efeitos colaterais.

Neste momento costumo tranquilizá-los, pois as moléculas de corticoides intranasais mais modernas apresentam baixíssima absorção sistêmica, ou seja, baixa absorção na corrente sanguínea. Spray de corticoide no nariz faz mal?

A atuação do medicamento se restringe à mucosa nasal.

Apresentam potente ação anti-inflamatória, conseguindo atuar sobre os 4 principais sintomas da rinite alérgica: obstrução nasal, espirros, coriza e coceira no nariz e olhos.

Se utilizados seguindo as orientações médicas (tempo de uso, posologia), podem trazer grandes benefícios ao paciente alérgico, com segurança.

Anti alérgicos ou anti-histamínicos: Normalmente são medicamentos ingeridos por via oral (comprimidos ou soluções), e apresentam um rápido início de ação, entre 30-60 minutos. Controlam bem os sintomas irritativos da Rinite Alérgica como: coriza, espirros, coceira no nariz, garganta e olhos.

Apresentam pouco efeito sobre a obstrução nasal.

Existe também uma apresentação de anti-histamínico em forma de spray nasal, podendo ser utilizado em casos específicos.

Descongestionantes sistêmicos: São substâncias ingeridas por via oral, em forma de comprimidos ou soluções. Conseguem melhorar o sintoma de obstrução/congestão nasal. Por se tratar de substâncias vasoconstrictoras (ou seja, que contraem os vasos sanguíneos), devem ser utilizadas com cautela em pacientes idosos, hipertensos, cardiopatas ou com doenças renais.

IMUNOTERAPIA ESPECÍFICA – VACINAS – RINITE ALÉRGICA

Indicada em casos específicos quando os cuidados ambientais e os medicamentos não foram suficientes para controlar os sintomas ou porque o paciente quer reduzir o uso dos medicamentos.

Para que a imunoterapia seja instituída é necessário um diagnóstico etiológico, ou seja, definir a quais alérgenos o paciente está sensibilizado e se apresenta sintomas após a exposição a estes alérgenos. Este diagnóstico é realizado pela história clínica somada a exames específicos (laboratoriais e Prick Test).

A imunoterapia pode ser realizada na modalidade de gotas sublinguais ou na modalidade de injeções subcutâneas, tendo como objetivo reduzir a sensibilização do paciente a um alérgeno específico.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) determinou que a imunoterapia é o único tratamento capaz de alterar a história natural das alergias respiratórias. Resultados melhores acontecem nos pacientes mono ou oligossensibilizados.

CIRURGIA

O tratamento cirúrgico para a Rinite Alérgica visa o controle de um sintoma específico, a congestão ou OBSTRUÇÃO NASAL. A cirurgia não está indicada como objetivo de melhorar primariamente os sintomas irritativos da Rinite Alérgica como a coriza, espirros ou coceira no nariz.

Este pilar do tratamento está reservado para o paciente que já tentou tratamentos com remédios de maneira bem otimizada e não apresentou resposta no sintoma de nariz congestionado. Neste caso, realiza-se um exame de vídeo-endoscopia nasal no próprio consultório para investigar se os cornetos nasais inferiores (conchas nasais) se apresentam hipertróficos (hipertrofia de cornetos).

A cirurgia visa reduzir o tamanho dos cornetos nasais através da turbinectomia ou turbinoplastia parcial. Estas cirurgias são realizadas por videoendoscopia sem necessidade de cortes externos. Deste modo, existe uma mudança na anatomia interna do nariz e na aerodinâmica, aumentando o fluxo de ar que entra pelo nariz.

Naturalmente, se outras alterações anatômicas estiverem presentes já serão tratadas no mesmo ato cirúrgico (desvio de septo nasal, hipertrofia adenoideana, concha média bolhosa, pólipos nasais).

CONCLUSÃO:
Espero que ao final desta leitura, você tenha conseguido quebrar os mitos no tratamento da Rinite Alérgica, compreendendo de forma simples os quatro pilares do seu tratamento.

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