O que pode causar alterações de olfato?

As alterações de olfato podem ser classificadas em ANOSMIA (ausência da capacidade de sentir cheiros) ou em HIPOSMIA (redução da capacidade de sentir cheiros). Ambas as situações podem ter diversas causas: infecções nasossinusais, traumas cranianos, tumores  cerebrais ou da região olfatória , doenças neurogedenerativas (Parkinson ou Alzheimer), entre outras.

As infecções virais constituem causa importante das alterações do olfato, seja por mecanismos condutivos (através do edema e obstrução nasal, dificultando a chegada da corrente de ar até a região olfatória,  que está localizado nas porções mais altas do nariz), seja por mecanismos quimiossensoriais, em que existe uma ação direta do vírus lesionando o epitélio olfatório.

E o vírus  coronavírus – SARS-Cov 2? Também pode causar alterações de olfato?

Sim, durante a segunda leva da epidemia, já na Europa, médicos de vários países, tais como França, Itália e Espanha passaram a observar e relatar uma grande quantidade de pacientes com diagnóstico confirmado de COVID-19 e sintomas como perda de olfato e alterações de paladar.

Muitos destes pacientes apresentaram alterações de olfato como queixa única, enquanto outros apresentaram a anosmia associado a outros sintomas, tais como obstrução nasal, presença de secreção nasal, febre e falta de ar.

Por que este vírus causa perda de olfato?

Os mecanismos ainda são desconhecidos, mas  o Coronavirus SARS-Cov 2 parece ter um tropismo especial pelo bulbo olfatório, gerando uma lesão quimiossensorial no neuroepitélio.

Quais as características deste sintoma?

A perda de olfato dentro do quadro de COVID-19 costuma ter características de aparecimento súbito e de intensidade severa, normalmente na forma de anosmia e consequente alterações no paladar (disgeusia)
Os pacientes tendem a apresentar algum grau de recuperação do olfato em até 4 semanas.

Em relatos epidemiológicos da Coréia do Sul, observou-se que a anosmia apareceu como sintoma em até 30% dos pacientes confirmados com COVID-19. Em Heidelberg, na Alemanha, este número foi ainda maior, com 2/3 dos pacientes com COVID-19 apresentando anosmia ou hiposmia.

De acordo com as orientações da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e da Academia Brasileira de Rinologia, neste momento de pandemia, o paciente que apresenta anosmia súbita tem forte chance de estar com COVID-19 e deve iniciar medidas de isolamento até que possa realizar o teste confirmatório para a doença.

Lembrando também que a anosmia pode ser o único sintoma de apresentação, ou seja, o paciente estar com COVID-19, sentir-se bem de um modo geral e poder transmitir o vírus para outras pessoas, sem imaginar que está doente. Por isso a importância epidemiológica deste sintoma.

Recomendamos neste caso isolamento social, procurar contato médico remoto (telemedicina), e se possível realizar o teste para SARS-Cov 2.  Em caso de outros sintomas severos associados, como falta de ar ou febre alta é necessário atendimento hospitalar em uma unidade de referência para COVID-19 de sua cidade.

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